Mulheres na literatura que usaram pseudônimos masculinos
Nas palavras da célebre escritora inglesa, Virginia Woolf, Anônimo foi uma mulher. Ela, em seus ensaios, sobretudo em “Um Teto Todo Seu”, discutiu como a identidade feminina na literatura frequentemente foi escondida ou desvalorizada, o que é comprovado pelo fato de existirem mulheres na literatura que usaram pseudônimos masculinos.
Além disso, Woolf denuncia a falta de espaço e voz das mulheres, o que permitiu que fossem retratadas sob o olhar e o julgamento dos escritores homens, reforçando a necessidade de uma representação mais autêntica e justa na literatura. Esses dois pontos serão explorados ao longo deste texto, que convido você a acompanhar.
Anônimo refere-se a alguém de identidade desconhecida ou não revelada. Em contextos literários, uma obra anônima é publicada sem o nome do autor. Pseudônimo, por outro lado, é um nome fictício criado pelo autor para ocultar sua verdadeira identidade. Em resumo, enquanto "anônimo" implica que não se sabe quem é o autor, "pseudônimo" indica que o autor está usando um nome diferente.
Muitas mulheres na literatura que usaram pseudônimos masculinos para publicar suas obras o fizeram devido a várias questões, como os preconceitos por parte dos leitores, que não desejavam consumir obras escrita por mulheres, limitações profissionais, já que os editores dos livros também não desejavam publicá-las, e o receio da descoberta de sua identidade por parte da família e conhecidos.
Escritoras que usaram pseudônimo masculino
Para exemplificar, conheça algumas das mulheres na literatura que usaram pseudônimos masculinos:
George Eliot (Mary Ann Evans)
Mary Ann Evans foi uma romancista britânica que viveu no século XIX e adotou o pseudônimo masculino George Eliot para publicar suas obras com o objetivo de escapar dos preconceitos da época vitoriana, que desvalorizavam a literatura feminina. Essa atitude permitiu-lhe uma liberdade criativa e uma maior aceitação na literatura, publicando clássicos como Middlemarch e Silas Marner, que exploram complexidades sociais e psicológicas com uma profundidade rara.
Currer Bell (Charlotte Brontë)
Mais uma escritora célebre do século XIX entre as mulheres na literatura que usaram pseudônimos masculinos está Charlotte Brontë. Ela utilizou o pseudônimo de Currer Bell para publicar seu romance mais famoso, Jane Eyre, que aborda temas como a busca pela independência e a crítica social, desafiando as normas da época. Ela era a mais velha das três irmãs Brontë, que também se tornaram escritoras, usando pseudônimos masculinos para publicar suas obras.
Emily Brontë - Ellis Bell
Portanto, Emily Brontë, irmã de Charlotte, adotou o pseudônimo masculino Ellis Bell para publicar seu único e impressionante romance, O Morro dos Ventos Uivantes, em 1847. Ao usar o pseudônimo, Emily buscava não apenas se proteger das limitações sociais impostas às mulheres, mas também ganhar reconhecimento como escritora. Essa escolha permitiu-lhe explorar temas intensos e sombrios, como a paixão, a vingança e a luta contra as convenções sociais, sem a interferência do julgamento público sobre sua identidade feminina.
L. M. Montgomery (Lucy Maud Montgomery)
Mais um exemplo de mulheres na literatura que usaram pseudônimos masculinos é a Lucy Maud Montgomery, que utilizou apenas as iniciais do seu nome como pseudônimo, assinando como L. M. Montgomery. Além de tentar preservar sua privacidade, ela desejava um nome mais neutro em um ambiente literário que desconsiderava autoras. Ela é conhecida por seu romance icônico Anne de Green Gables, publicado em 1908.
Virginia Woolf e o pseudônimo na literatura feminina
Virginia Woolf não utilizou pseudônimos masculinos e assinou suas obras. Porém, ela destaca em suas obras que muitas mulheres na literatura que usaram pseudônimos masculinos tomaram essa atitude para serem levadas a sério e para escaparem do preconceito inerente à sua identidade feminina.Essa marginalização das vozes femininas resultou em uma significativa falta de representação das mulheres na literatura, levando-as a serem frequentemente retratadas como indivíduos fracos ou, em outros casos, como figuras perversas. Essa visão distorcida não apenas limitava a compreensão da complexidade da experiência feminina, mas também perpetuava estereótipos prejudiciais que influenciavam a percepção pública das mulheres ao longo do tempo.
Ainda hoje, as mulheres enfrentam dificuldades na publicação e na representação nos livros. Uma pesquisa da UnB mostrou que entre 2.381 personagens analisados em 558 livros, 60,2% eram homens e apenas 39,6% eram mulheres. Por isso, leia mulheres. Aproveito para deixar essa postagem como sugestão de leitura.
Até o próximo post.
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