Empreendedorismo Feminino na Pandemia
Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em 2019, 34,5% dos empreendedores eram mulheres. Em 2020, dos 25,6 milhões, as mulheres representavam 8,6 milhões, diminuindo sua participação para 33,6%. Isso representa uma queda de 1,3 milhões de mulheres.
A pesquisa ainda apontou que as mulheres estão à frente em relação ao uso das tecnologias. Enquanto 76% delas divulgam e vendem seus produtos nas redes sociais, aplicativos ou internet, apenas 67% dos homens fazem o mesmo.
A pandemia trouxe uma perda de faturamento mensal para ambos os sexos em grandes proporções. Para as mulheres, 75% e para os homens, 71%. Porém, 38% deles possuem dívidas e empréstimos. Já ela, 34%.
A PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) já havia apontado em 2012 que 3,4% dos pretos e 27,2% dos pardos ocupados informaram ter ao menos um funcionário.
Em 2019, os números haviam crescido para 4,6% e 29,1% respectivamente. Essa ascensão foi barrada pela pandemia. Em 2021, as taxas diminuíram para 4,3% e 27,4%
As mulheres empreendedoras que representavam 27,4% em 2012 avançaram para 31,2% em 2019. Na pandemia, o número recuou para 29,3%. A sociedade como um todo perde com essa regressão.
Importância do empreendedorismo feminino
Crescimento da economia: a participação das mulheres no mercado de trabalho e consequentemente seus empreendimentos movimentam os negócios, circulam valores e empregam brasileiros.
Liberdade: as mulheres passam a depender apenas de si mesmas e possuem autonomia para sair de ambientes opressivos.
Equidade e diversidade: aumenta o espaço para o debate da equidade entre os gêneros. Há também uma pluralidade de ideias por terem pessoas com vivências distintas podendo contribuir com a solução de problemas de uma parte maior da sociedade.
Representatividade: estimula a inserção de outras mulheres ao mercado de trabalho e nas pautas mencionadas nos tópicos acima.
Empreendedorismo Feminino na Pandemia
Em entrevista para a Folha, a coordenadora da graduação em Administração do Insper, Flavia Piazza, e o fundador do Movimento Black Money (MBM), Alan Santos, concordam que o empreendedorismo ocorre muito mais por necessidade por questões de marginalização e precarização do trabalho do que por espírito inovador.
Segundo análise da RME, Rede Mulher Empreendedora, muitas mulheres começam a empreender após os 30 anos com o desafio da maternidade e a falta de oportunidade de emprego.
Os homens brancos, no geral, costumam empreender com o objetivo de obter uma renda extra ou por sentirem que possuem uma vocação para isso.
As áreas de trabalho com maior participação de mulheres e negros foram os mais afetados pela pandemia do coronavirus e pelo isolamento social. De acordo com o MBM, saúde e estética, varejo, alimentação e eventos são os segmentos com participação negra no empreendedorismo.
Assim, tanto para a empregada quanto para a empregadora, o mercado de trabalho se tornou ainda mais difícil com a pandemia do coronavírus.
Piazza também reforçou o ponto que as mulheres foram sobrecarregadas pelo trabalho doméstico. A dupla jornada já existia antes da pandemia. Porém, nesse momento em que as crianças não podem ir à escola, as mães se tornam as responsáveis pelo apoio dos estudos e também muitas vezes não tem onde deixar os filhos enquanto trabalha.
Obstáculos para as mulheres empreendedoras
Segundo o Sebrae, os maiores desafios para as mulheres ainda são:
Desigualdade entre gênero: homens possuem melhores oportunidades no trabalho que as mulheres.
Dupla jornada: a sociedade atribui a responsabilidade de fazer a família e a casa funcionarem às mulheres. Assim, se querem empreender, as mulheres se dividem em várias tarefas pessoais e profissionais.
Autoconfiança: enquanto muitos homens se sentem seguros em se candidatar a projetos que não estão 100% alinhados com seus conhecimentos, as mulheres tendem a pensar que não darão conta mesmo quando possui estudo e competência para realizá-lo.
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