Pandemia: Mais um Desafio para a Carreira das Mulheres

 O mercado de trabalho é desafiador, especialmente para mulheres, negros e pessoas de baixa renda. São 14,4 milhões de brasileiros desempregados em 2021 segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em 2020, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 45,8% das mulheres estavam trabalhando. Isso representa uma queda de 14% comparando o mesmo período de 2019 e significa a retira de 8,5 milhões de mulheres do mercado de trabalho. Chegamos próximo do nível dos anos 90 quando a taxa era de 44,2%.

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Classificação do IBGE sobre Desemprego

O IBGE possui a seguinte classificação para análise do desemprego:

  • pessoas ocupadas: empregadas e trabalhando por horas suficientes
  • pessoas desocupadas: sem emprego, mas disponíveis e procurando ativamente um novo trabalho.
  • pessoas subocupadas: possuem ocupação de poucas horas trabalhadas e não possuem renda suficiente para suas necessidades.
  • pessoas desalentadas: sem emprego, que afirmam que gostariam de trabalhar, mas que não procuram efetivamente um trabalho.

Qual explicação desse retrocesso de 30 anos na Pandemia?

O desemprego afeta ambos os gêneros, mas o desafio é maior para as mulheres. Não há uma única explicação para esse fato, mas há dados que demonstram a complexidade e a necessidade de reestruturação social.

Até a década de 60, as mulheres precisavam da autorização do marido para trabalhar. As pesquisas apontam a cada ano a diferença de cargos, salários e oportunidades entre homens e mulheres. A desigualdade de gênero já existia, porém a pandemia aprofundou esse problema.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que a desocupação das mulheres é de 17,1%, enquanto a dos homens é de 11,7%.

Esses valores ultrapassaram os níveis de desocupação do período de recessão de 2016, em que a desocupação ficou em 13,8% para as trabalhadoras e de 10,7% para os trabalhadores.


Maternidade e Dupla Jornada

A maternidade é vista como um obstáculo para muitas empresas. O IBGE também divulgou que em 2021 as mulheres entre  25 a 49 anos com filhos de até 3 anos de idade possuem nível de ocupação de 54,6%, inferior a 67,2% das que não tem. Já o nível dos homens com crianças de até 3 anos é de 89,2%, superior a 83,4% daqueles que não possuem. Mulheres pretas/pardas com criança de até 3 anos ficaram abaixo de 50%.

Além disso, as mulheres dedicam 21,4 horas semanais aos cuidados de pessoas ou afazeres domésticos enquanto os homens desempenharam 11h, quase a metade. Isso faz com que muitas mulheres não consigam trabalhar ou trabalhem poucas horas do dia para conciliar a dupla jornada. Aproximadamente um terço delas trabalhou em tempo parcial (30 horas semanais).

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Cargos de Liderança e Educação

As mulheres receberam em média 77,7% dos salários dos homens. Quanto maior o cargo e o ganho, maior a desigualdade. Diretoras e gerentes receberam 61,9% do que receberam seus colegas. Nas áreas ligadas à ciência, foram 63,6%. 

Ainda segundo o IBGE, as mulheres são mais instruídas. Entre os brasileiros com idade superior a 25 anos, 37,% das mulheres não possuíam instrução ou apenas ensino fundamental, contra 40,4% dos homens. Em relação ao ensino superior completo, as mulheres representam 19,4%, enquanto os homens 15,1%. Na população acima dos 65 anos o cenário é inverso, mostrando a mudança das últimas décadas.

 Um relatório divulgado pelo LinkedIn apontou que as áreas de saúde e as profissões ligadas ao ambiente digital terão mais vagas em 2021.  Porém, as mulheres possuem baixa adesão nesse tipo de segmento.

Por outro lado, setores em que são compostos em sua maioria por mulheres foram os que mais reduziram vagas foram.

  • Alojamento e alimentação: 58,3% de mulheres com queda de 51%.
  • Serviços domésticos: 85,7% de mulheres tiveram queda de 46,2%.
  • Educação, saúde e serviços sociais: 76,4% de mulheres tiveram queda de 33,4%.

Falta ainda representatividade, em especial na política, área em que é possível criar ações sociais para a equidade de gênero. Em 2020, 16% dos vereadores eleitos no país eram mulheres.


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