Por que as Mulheres Investem Menos?

As mulheres estudam mais, praticam o esforço diário de equilibrar uma jornada tripla, possuem acesso à informação, compreendem o conceito de riqueza. Porém, não se veem no papel de investidoras.

Essa visão possui várias explicações e está muito ligada à questão também de se candidatarem menos a cargos tidos como masculinos e à dificuldade de pedir um aumento de salário valorizando seu próprio trabalho.

Além de investirem menos, há também um número muito menor de mulheres atuando na área financeira. Isso pode ser entendido como uma auto sabotagem, mas também como prudência por receberem menos que os homens. Ou seja, seu poder monetário é menor, causando um temor proporcional.

Por Que as Mulheres Investem Menos?

A forma como a sociedade está organizada representa uma barreira também para a área financeira das mulheres.

Está na semana do COPOM de análise da Selic, em que há a expectativa que a taxa seja elevada a 6,25% ao ano. Esse aumento é positivo para a renda fixa, assim como o crescimento da bolsa de valores nos últimos anos favorece a renda variável. Muitas mulheres não vão aproveitar esse momento.

Alguns dos motivos são:

• Tempo para pesquisar e investir: as mulheres exercem dupla e até mesmo tripla jornada. Falta tempo em meio às atribuições.
• Falta de confiança: as mulheres querem pesquisar mais antes de investir e acabam postergando. O Raio-X do Investidor da Anbima mostrou que 41,6% das mulheres preferem segurança em relação a 22,9% que preferem retorno dos valores.
• Instabilidade no trabalho: De acordo com o Cadastro Geral de Empregos (Caged), observando a abertura e fechamentos de vagas com carteira, o cenário foi negativo para mulheres e positivo para os homens em 2020.
• Falta de representatividade: com poucas propagandas falando diretamente com elas e com poucas mulheres em cargos financeiros, as mulheres não se sentem tão a par dos negócios.
• Desigualdade salarial: mulheres recebem menos que os homens e para investir elas acreditam que precisam de muito para se sentirem seguras.

Qual é o Perfil da Mulher Investidora?

Segundo o relatório de perfil de investidores divulgado pela B3 em 2021, o número de mulheres bateu o recorde de um milhão. Esse número representa 27,3% das contas. Em 2016, eram 130.265 mulheres, tendo hoje um aumento de 674%.

Ainda segundo a B3, dos R$505,01 bilhões, as mulheres representam o volume de R$104,34 e 20,7% do montante.

De acordo com a pesquisa “Panorama de Consumo e Investimento da Mulher Brasileira”, estudo realizado pelas pesquisadoras Renata Piacentini Rodriguez e Mariana Ribeiro em 2019, 61% das mulheres responderam que têm dinheiro na poupança e 44% em “CDBs, LCIs, LCs e LCAs”. Em seguida vêm Tesouro Direto (39%), Previdência privada (34%) e fundos de renda fixa (32%).

Esses são investimentos conservadores em renda fixa. É perceptível que boa parte das mulheres buscam a segurança. Apenas 30% responderam que possuem ações e 19% fundos imobiliários na carteira.

Importante salientar que das 2.632 mulheres que participaram da pesquisa, 70% se autodeclararam brancas, 17% pardas e 7% pretas. A faixa etária é entre 26 a 45 anos e 44% possuem pós-graduação.

Mulheres nos Investimentos e no Mercado Financeiro Atualmente

Nos últimos anos as mulheres ocuparam mais cargos no mercado financeiro e essa representatividade foi um fator importante para trazer mais mulheres para os investimentos.

Atualmente há sites e canais no youtube dispostos a explicar termos e o cenário financeiro, aumentando assim o conhecimento e a sensação de segurança de quem investe.

O canal pioneiro Me Poupe!, da Nathalia Arcuri, soma quase 6 milhões de seguidores no youtube. Com linguajar de fácil entendimento, informações relevantes para o cotidiano e a representatividade mencionada acima, é uma referência para o engajamento especialmente das mulheres.

Algumas empresas presentes na Bolsa de Valores como a Natura, a Magazine Luiza e a Suzano são incentivadoras da inclusão das mulheres no setor de finanças e se comprometem ativamente com a causa.