A Academia Brasileira de Letras faz 126 anos: conheça suas histórias e polêmicas

 A Academia Brasileira de Letras está completando 126 anos de existência. Fundada em 20 de julho de 1897 na cidade do Rio de Janeiro, ela foi inspirada na Academia Francesa. Como instituição literária brasileira, sua importância está relacionada ao cultivo da língua portuguesa e da literatura brasileira.

Em comemoração a essa data, vamos conhecê-la melhor hoje. Comentaremos sobre as circunstâncias de sua fundação, as polêmicas, a dificuldade de aceitação de mulheres, os escritores que rejeitaram e os que foram rejeitados pela instituição.

Academia Brasileira de Letras



Como nasceu a Academia Brasileira de Letras?

Lúcio de Mendonça, escritor e advogado, propôs a ideia de criação da Academia Brasileira de Letras, que foi debatida em reuniões presididas por Machado de Assis. Sem uma sede própria, os encontros dos escritores se desenrolaram em diversos locais até estabelecerem um local definitivo. Hoje, a sede é localizada em um edifício no Rio de Janeiro doado pelo governo francês em 1923.

Os “imortais”, como são chamados os quarenta membros efetivos e perpétuos, são cidadãos brasileiros que produzem obras reconhecidas de estimado valor para a língua, além de alguns estrangeiros escolhidos.

Como é feita a eleição para a Academia Brasileira de Letras?

A escolha dos membros da Academia Brasileira de Letras inicia-se pela manifestação dos próprios candidatos a pleitear uma cadeira. Os acadêmicos votam secretamente e o novo integrante é escolhido. Como o número de cadeias é fixo, esse processo ocorre somente quando algum membro morre.

Após a eleição, é feita uma sessão solene, em que os membros se vestem com a vestimenta característica da ABL e ouvem o discurso do novo membro. O protocolo continua com momentos como a assinatura do livro de posse, a recepção do colar, do diploma e da espada, além de uma homenagem ao novo imortal.

Alguns dos acadêmicos historicamente mais conhecidos são, além dos demais nomes citados na postagem, Euclides da Cunha, Manuel Bandeira, Guimarães Rosa e João Cabral de Melo Neto.

Polêmicas da Academia Brasileira de Letras

Além da polêmica fundação sem a presença de mulheres, episódio que falaremos logo a seguir, a ABL esteve envolvida em outras que causam controvérsias. Uma delas é o fato dos membros não serem compostos unicamente por literatos, mas por pessoas notáveis para a cultura e língua portuguesa.

A discordância sobre se uma mesma cadeira deve ou não manter a mesma categoria também já foi debatida. Isso se refere ao fato, por exemplo, de sempre eleger ficcionistas ou linguistas para uma mesma cadeira.

Uma das polêmicas mais recentes está relacionada à derrota de Maurício de Souza. Após o criador de “Turma da Mônica” manifestar seu interesse em entrar para a ABL, seu concorrente fez comentários problemáticos, entre eles que gibi não seria literatura. Esse argumento além de ser preconceituoso, contradiz a primeira polêmica relacionada ao fato de que não são apenas literatos que são membros da Academia.

Mulheres na Academia Brasileira de Letras

Seguindo a tradição da Academia Francesa, a Brasileira não permitiu a participação das mulheres. A escritora Júlia Lopes de Almeida frequentou as reuniões de fundação e se viu substituída no momento da fundação pelo próprio marido como um “consorte”. A primeira polêmica significativa da ABL.

Amélia Beviláqua foi a primeira mulher a se candidatar após esse episódio em 1930. Ela foi recusada, assim como a segunda mulher a tentar a vaga, a escritora Dinah Silveira Queiroz.

Somente em 1977 a primeira mulher foi aceita como imortal, a escritora Rachel de Queiroz, que também foi a primeira mulher a receber o Prêmio Camões. Dinah Silveira Queiroz se candidatou pela segunda vez em 1980 e foi aceita.

Após isso, Lygia Fagundes Telles tornou-se membro em 1985; Nélida Piñon, em 1989; Zélia Gattai, em 2001; Ana Maria Machado, em 2003; Cleonice Berardinelli, em 2009; Rosiska Darcy, em 2013; Fernanda Montenegro em 2022 e Heloisa Buarque de Hollanda em 2023.

Rejeitados e rejeitadores da ABL

Enquanto tantas mulheres ilustres foram ignoradas pela Academia Brasileira de Letras, assim como vários outros eminentes escritores, Carlos Drummond de Andrade, pelo contrário, foi um dos que rejeitaram a academia.

Antonio Houaiss, assim como outros de seus amigos que já eram membros, sugeriram esquemas na tentativa de convencer nosso poeta mineiro a se candidatar, porém em vão. Outros que também recusaram foram Mário de Andrade, Graciliano Ramos, Erico Veríssimo, Nelson Rodrigues, Murilo Mendes, Aníbal Machado, Vinicius de Moraes, Antonio Candido, Rubem Braga, Fernando Sabino e Pedro Nava.

Mário Quintana tentou fazer parte da academia, mas não recebeu votos suficientes. Quando lhe prometeram unanimidade se houvesse a quarta candidatura, recusou com a justificativa de que isso atrapalhava a criatividade.

Em meio a controvérsias, a Academia Brasileira de Letras mantém-se com seu caráter formal e protetor da língua portuguesa e da cultura brasileira. Conhecia esses fatos? Compartilhe com a gente nos comentários. Vou adorar saber!


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